DEUS
TRINO/TRIUNO NA CONTEMPORANEIDADE
RGES
Deus é um Deus uno que se revela em sua triunidade,
Deus Pai (Criador), Filho (Redentor) e Espírito Santo (Consolador), sem
classificação, como parece e, sim, uma ordem soteriológica, sequência normal à
história da salvação. Deus, na visão absolutista é um Deus dominador, déspota,
detentor hierárquico de todo o poder, apenas Ele governa, ordena e os
subordinados obedecem, um monarca que subjuga e oprime os seus súditos,
tornando-os impotente, escravizados. Ao contrário, o Deus trino/triuno é um
Deus que lidera, divide com os outros participantes da trindade o comando e, com
o ser humano, a corresponsabilidade da administração, a mordomia, o gerenciar
(Gen 2:15) e o dar continuidade ao bom relacionamento Deus/homem, homem/Deus, homem/homem
e com o restante da criação, cada qual com a sua parcela participativa,
relevante para o bom funcionamento e manutenção do convívio entre as partes
envolvidas. Deus faz-se sempre presente, nunca ausente, está em tudo e em todos.
Yhaveh “é o nome acima de todos os nomes”.
A igreja de Cristo dos dias atuais deveria ser uma
igreja mais comunitária, de acordo com a igreja primitiva (Atos 2:42-45),
voltada para o bem estar social comum, igualitária, que visse a todos de forma
semelhante, sem qualquer tipo ou teor de acepção, assim como o Deus trino que
não é unicamente amoroso, é também amor, inclusivo e não exclusivo. Dialogar
entre si, mantendo-se, deste modo, aberta e não fechada para as circunstâncias críticas
da sua comunidade de fé e àqueles que estão ao seu redor; deixar de ser
eclesial, assembleiana e mudar para o estado relacional; preocupar-se em manter
vivos os interesses comuns, não só local, mas, também, mundial, seja na esfera
política, cultural, social, ecológica ou outra. Ser (re)conciliadora, deixar de
lado o narcisismo, a autocontemplação, parar de olhar e querer apenas para si,
enquanto a população ao seu redor morre de fome e, pior, morre sem Cristo. A
comunidade cristã carece ter mais interesse e responsabilidade mútua, ou seja, renunciar
ao individualismo e abraçar o solidarismo.
Jesus, ao ensinar a orar, começou a oração
declarando “Pai nosso que estás no céu” (Mt 6:9), ora, poderia ele, Jesus,
ter iniciado dizendo “Meu Pai”, contudo, o Deus Triuno, representado, neste
caso, na pessoa do Filho, não egoísta, declara, ser o Pai, não apenas para um,
o inverso, é para e de todos, coletivo. Desta forma deveria ser a realidade
mundial, vivida pelas comunidades cristã, sob a perspectiva de um Deus triunitário,
justo, que sofre conosco, por nós e em nós. Trabalhar, incessantemente, em prol
do bem estar da coletividade, procurando manter a boa convivência, sem guerras
ou conflitos de interesses, que não pensa apenas em si, em obter vantagens
próprias, mas no geral, desejando, de maneira veemente, que todo o grupo possa
receber e usufruir o melhor. Homens e mulheres, contemporâneos, independente de
credo, raça, cor ou status social, solidários, lutando perseverantemente,
juntos, um ao lado do outro, no mesmo pé de igualdade, na busca de alcançar um
imaginário comum, que traga para a realidade, sonhos, projetos que permitam à
totalidade participar do melhor. Comungantes dos mesmos ideais, com as mesmas
convicções, ficando de lado as diferenças e o interesse pessoal, em favor do
bem estar do conjunto, de utilidade geral. Passar da teoria à prática por ser,
esta, confirmadora da outra. Preocupados em preservar, manter em bom estado as
demais obras criadas pelo Divino. Ele não criou unicamente a espécie humana,
criou, também, todos os demais seres viventes ao seu redor, rios, mares,
florestas, espaço aéreo e os seus habitantes, enfim, uma biodiversidade,
dependente, para sua sobrevivência, do cuidado e do amor humano. Partícipes,
todos, sem exceção, do conjunto das relações de interdependência, reguladas por
condições físicas, químicas e biológicas, estabelecidas pelos seres vivos entre
si e, também, com o meio ambiente em que habitam, o habitat natural.
O trabalhador
ativo, comprometido com o amor e o serviço, é sabedor que Deus está na
retaguarda, dando-lhe o apoio necessário para a jornada. O destemido
desbravador lança o olhar para o horizonte, imenso, inatingível - porém,
atingível, dentro de uma concepção utópica - diante de si e imagina-o como um
fértil campo onde se possa semear a semente do Evangelho de Cristo,
preparando-o para a grande colheita, “pois os que semeiam com choro, voltarão
jubilosos, trazendo consigo, os seus molhos” (Salmos 126:6). O homem
hodierno precisa se espelhar nas atitudes do Jesus Pantocrátor, conforme
retratado no ícone “o bom Pastor”, que está continuamente próximo as suas
ovelhas, sem perder nenhuma delas, que auxilia em momentos difíceis; agregador
e não separatista. O Deus bíblico é amigo, dedicado, auxiliador.
Nos relatos contidos na Bíblia, estão o testemunho
da história e os experimentos de Deus com o homem. A instauração, de um
pensamento relacional e coletivo, do homem com Deus, com o próximo e com a
humanidade, desenvolvido a partir da doutrina trina, é como entendemos o
testemunho das Escrituras. Esta ideologia, repito, deveria, inclusive, ser a
realidade prática do mundo coetâneo, compreendida sob a ótica do Deus uno, ao
mesmo tempo trino/triuno: todos por todos, tudo dividido, com equidade, para
todos e Deus, o El, acima de tudo e de todos.
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRAFICAS
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WARFIELD,
Benjamin Breckinridge, A DOUTRINA DA TRINDADE,